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1. “Cada período da história da arte no Ocidente tem sido marcado pelos meios que lhe são próprios.” Exemplifique: P. 151


Se tomarmos como exemplo os períodos descritos nos livros consagrados da História da Arte que estudamos veremos que a ideia de estilo está associada à tecnologia de sua época. As esculturas mais antigas que conhecemos são fruto de uma tecnologia rudimentar, na qual o homem ainda não conseguia dominar o corte da pedra com elementos metálicos. Temos em seguida o domínio do metal e neste época foram produzidas peças em ouro e bronze que se apresentam esteticamente com apurado grau de qualidade técnica. E assim temos os meios técnicos associados às diferentes correntes estilísticas em diferentes épocas. Embora não se possa dizer que a técnica determina a produção artística de uma época, precisamos reconhecer que ela é um elemento indispensável no surgimento de novas estéticas. Na pintura, a técnica do óleo sobre tela foi um grande avanço em termos de possibilidades expressão nas nuances, processo de mistura dentre outras coisas. Na modernidade a invenção da fotografia foi um outro exemplo de ampliação das possibilidades de trabalho do artista, obrigando-o a rever o conceito de retrato, que até então era trabalho exclusivo dos pintores. Em geral as tecnologias surgem para  atender à necessidades da produção e dentro do universo da criação artística passam a ser exploradas como possibilidades de expressão até os limites de uma possível exaustão dessas possibilidades, decorrendo dessas investigações o que chamamos de novas linguagens.

 

2. Qual é a grande mudança que ocorre com o advento da câmera fotográfica?

 

A grande mudança foi a ampliação das possibilidades de trabalho de pintores e escultores.   Com o surgimento da fotografia os pintores passaram a buscar novos  formas de produzir  imagens e a partir desta pesquisas foi possível libertar a pintura de uma série de elementos que lhe eram impostos pelo meio social e técnico. Temos alguns exemplos na escultura do final do século XIX e inicio do século XX, onde a fotografia foi incorporada como parte do processo de estudo do modelo vivo no estúdio. Outro dado relevante foi a fixação de instantes do quotidiano que influenciaram definitivamente a arte e o forma de olhar determinados fenómenos.    


3. Qual é a relação entre a seguinte passagem do texto de Santaella e o conceito de arte tecnológica exposto no texto de Martin Heidegger “The question concerning technology”?

 

“Nessa medida, a arte tecnológica se dá quando o artista produz sua obra através da mediação de dispositivos maquínicos, dispositivos estes que materializam um conhecimento científico, isto é, que já têm uma certa inteligência corporificada neles mesmos.”

Quando Santaella trata da arte tecnológica nos conduz a uma concepção desta arte como uma reconciliação do conceito tradicional que vem deste a cultura da Grécia antiga o conceito de técnica que é próprio da Revolução Industrial. Nesse sentido os dispositivos maquínicos não apenas instrumentos usadas para se aplicar à práticas artísticas, mas são também corpo desse conhecimento, pois tais dispositivos trazem consigo a inteligência e a lógica do conhecimento, que materializam e oferecem possibilidades de exploração por parte do artista, que podem levar a novos caminhos no processo de criação.
Quando Heidegger recorre ao sentido original da palavra tecnologia ("techné"), o faz para  demonstrar que na sua origem, o sentido que lhe foi dado não esta distante do que se entende na atualidade por criação. Existe relação entre  "techné" e a "poiesis" e ambas remetem a uma certa noção do fazer criativo através de dispositivos. Portanto, podemos dizer que na contemporaneidade a tecnologia se apresenta em nosso quotidiano como algo quase que naturalizado quando tratamos de arte, criação e técnica.
 
4. Em que sentido a arte moderna desconstrói o passado a partir do uso de dispositivos tecnológicos?

 

No sentido de pensar e produzir arte com elementos do quotidiano da sociedade industrial. Buscando principalmente uma maior integração entre forma e função, como foi o caso da arquitetura e do design industrial, que tiveram na Bauhaus o seu melhor exemplo. Os futuristas pregaram o fim dos museus e queriam uma estética que tivesse uma relação direta com a velocidade associando esta à maquina. Na pintura por exemplo temos um caminhar de diluição das formas, no que podemos emblematicamente situar numa ponta a pintura de Cézanne e na outra Mondrian ou Pollock.  Sob esse aspeto podemos dizer que a História da Arte Moderna é a história da demolição das estruturas de tempo e espaço, e, por consequência  também dos modelos de produção artísticas da tradição Ocidental anteriores ao século XX.

 

5. Quais foram as possibilidades artísticas que surgiram com a emergência da arte tecnológica?

 

Foram muitas as possibilidades artísticas surgidas a partir da produção da arte tecnológica, destacando-se como possibilidades principalmente a reprodutibilidade e os mecanismo de execução. Mesmo exigindo domínio da tecnologia o artista se torna mais autónomo no seu trabalho, na medida em que pode contar com a máquina para executar e ordenar formas, enquanto o artista elabora a proposta estética. O vídeo (cinema) e a fotografia, passaram a integrar o elenco das possibilidades de expressão do artista plástico, que tornou-se artista visual.

 

6. Desenvolva as suas ideias sobre o desenvolvimento do cinema e da ciberarte a partir da seguinte reflexão:

 

“...quando surge um novo meio de produção de linguagem e de comunicação. Observa-se uma interessante transição; primeiro o novo meio provoca um impacto sobre as formas e meios mais antigos. Num segundo momento, o meio e as linguagens que podem nascer dentro dele são tomados pelos artistas como objecto de experimentação.” P. 156

 

Tomando por base o raciocínio de que o novo meio provoca impacto sobre as formas tradicionais e que num momento posterior o meio e as linguagens são apropriadas pelos artistas em seus processos de expressão estética, podemos dizer que o cinema a expressão que daria inicio a toda uma possibilidade de fazer arte que resultaria nos processos da ciberarte.  Nesse processo também é preciso entender que existe um caminho de mão dupla e que hoje a ciberarte interfere na lingugem do cinema,  portanto, podemos dizer que houve uma melhoria do antigo meio (cinema) através da ampliação de suas possibilidades. Nesses processos de retro-alimentação é que se ampliam as linguagens artísticas, especialmente através de procedimentos híbridos, capazes de romper fronteiras e possibilitar novas ligações.

 

7. Qual é a relevância do grupo Fluxus e do artista Nam June Paik para o desenvolvimento da arte tecnológica?

 

A relevância do Fluxus para a arte tecnológica deve-se ao fato de tratar-se de um grupo cuja proposta era experimentar arte, misturando diferentes linguagens e  declarando-se contra a produção tradicional do objeto artístico. Principalmente no que se refere à sua  apropriação da linguagem do cinema, trazendo-a para o campo das artes visuais. Destacando-se do trabalho de Nam June Paik especialmente as suas experiências com o uso da televisão, em instalações ou emissões. Essas experiência propiciaram uma maior  aceitação de novas estéticas e especialmente no sentido trabalhar com a hibridização,  que se tornaria uma constante no processo de desenvolvimento da arte tecnológica.

 

8. Explique o conceito de “cinema expandido” definido na página 163.

 

 O cinema expandido representa as raízes estéticas da arte idiomática atual. É uma tentativa de misturar cinema e realidade, abolindo fronteiras e limites na arquitetura, trabalhando com conceitos de tempo e espaço. Os criadores do “cinema expandido” querem libertar o cinema da tela, tentando desconstruir a lógica tradicional da técnica cinematográfica inserindo nela o espaço e tempo dos espetadores. 

 

9. Definição de ciberarte. P. 174

 

Para Santaella a ciberarte é um termo mais “abrangente que web arte, net arte ou arte das redes, mais amplo ainda que arte telemática”. Continuando sua definição diz que arte interativa também a uma expressão, que vem sendo utilizada para designar esta arte mediada por computador, que requer a participação ativa do expectador. Por fim na ciberarte o artista cria ambientes de interação, colaboração e de imersão para usuário-receptor, ampliando as possibilidades de colaboração entre emissor e receptor; bem como de processos de hibridação de linguagens.

 

10. Qual é o salto quântico que se efectua com a passagem das tecnologias electroeletrónicas, pré-era digital, para as tecnologias teleinformáticas da era digital?

 

Para a autora o grande salto é introjeção proporcionada pela cibercultura de conhecimentos ligados à habilidades mentais. Anteriormente linguagens como a fotografia, o cinema, o telefone, o radio e o vídeo haviam introjetado conhecimentos científicos de habilidades técnicas. O aperfeiçoamento da internet e a ampliação das redes passaram a  permitir em novas interações, possibilitando mais que o domínio da técnica, criando conhecimento para além da manipulação de máquinas.

 

11. Como se caracteriza a arte dos meios digitais e como se configuram as principais tendências da ciberarte nos diversos campos artísticos?

 

As principais características estão relacionadas com a sua forma de criação e apresentação ao público, que inclui processos de interação e imersão, alterando completamente a posição do publico, que agora é convidado a participar e interagir com o artista. Quase sempre está disponível na rede mundial de computadores. Dentre as principais tendências podemos apontar  a modelação em 3D, as performances interativas, as instalações multimedia, os eventos de   tele-presença, tele-robótica e software de inteligência artificial.  

 

 

 

Atividade 2 - Contextualização dos estudos dos media digitais em relação aos media analógicos

 

“Panorama da Arte Tecnológica”. Santaella, Lúcia (2003). Culturas e artes do pós-humano.

Da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo, Paulus Editora.

 

Arte Digital e

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